segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Forrest Hamer

Lição



Foi em 1963 ou 4, no Verão,
o meu pai guiava a família
de Forte Hood para a Carolina do Norte no nosso Buick de 56.
Tínhamos ouvido falar dos ataques do Klan, e sabíamos

que o Mississippi se tinha tornado mais perigoso do que o habitual.
A escuridão descia inclinando-se das árvores como faz o musgo
e, nessa noite, quando a luz caiu sobre as janelas,
o meu pai encostou à berma para dormirmos.

Barulhos
que habitualmente não me deixavam adormecer, com medo de monstros,
mantiveram também o meu pai acordado nessa noite
e eu permaneci em silêncio dando conta de que ele estava alerta,
aprendendo que ele poderia não ser capaz de nos proteger

de tudo e de todas as criaturas;
nem talvez da fúria subitamente ruidosa
de todo o meu corpo em relação a esta viagem do Texas
para fixarmos residência antes de ele partir

para um lugar sem lugar no mundo
a que ele chamava Vietname. Um rapaz precisa de um pai
junto de si, eu não parava de pensar, fitando o ruído
que vinha das trevas.



(Versão minha; original reproduzido aqui).

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