terça-feira, 28 de junho de 2011

Inger Elisabeth Hansen

Cavalo, dirigido ao céu
sai precipitado de si mesmo como um efeito sem mundo



Os cavalos têm de permanecer inteiros
Os cavalos têm de permanecer inteiros no bosque
Os cavalos têm de permanecer no bosque à espera
Com os beiços cheios e descidos os cavalos têm de permanecer ali
Os cavalos têm de esperar ali onde se está sob as árvores
Ali onde a fonte se enche a si mesma têm de permanecer os cavalos
Os cavalos desenvolveram um instinto comum para conseguirem chegar aqui
Para cavalos que permanecem inteiros há um bosque por ali
Para cavalos que estão inteiros há grandes árvores
Há abrigos para cavalos que captaram tudo
Cavalos que trouxeram os beiços cheios para baixar
Cavalos que trouxeram o olhar até ali onde existe uma fonte
Há abrigo para os cavalos que souberam salvar a pele
Para os cavalos que têm uma pele que está cheia de cavalo
Ali os cavalos podem esperar repletos de cavalo
Virados para a terra, com os cascos descidos, com a cabeça descida
Com a cabeça feita para a terra que lhes dá de comer, que os deixa beber
Que os deixa encherem-se de cavalos minuciosamente delimitados
Salva a sua pele, os cavalos hão-de permanecer inteiros



(Versão minha a partir da tradução castelhana de Kirsti Baggethun e Espido Freire reproduzida em Latitudes extremas - Doce poetas chilenas y noruegas, selecção de Gonzalo Rojas e Inger Elisabeth Hansen, Tabla Rasa, Madrid, 2003, p. 122)

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